Apresentação do projeto
Com o propósito de concorrer para a construção e preservação da memória sobre o passado histórico do movimento associativo, a Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto (CPCCRD) estimula, colabora e apoia um projeto de investigação sobre a Longa História do Associativismo Livre coordenado por Joana Dias Pereira, que teve até à data como principal resultado a edição de uma obra dedicada ao período de emergência, expansão e articulação de diferentes tipologias associativas e movimentos sociais contemporâneos - Associativismo Livre: uma história de fraternidade e progresso.
Em 2019 foi assinado um protocolo entre a CPCCRD e a FCSH-UNL no sentido de prosseguir este projeto de investigação colaborativa que tem assentado sobretudo na recolha de vida de ativistas que se destacam ela sua longa e constante participação no movimento associativo, abarcando o período de resistência à ditadura, mas também a transformação revolucionária da sociedade portuguesa em 1974 e a subsequente construção da democracia.
Para a discussão das problemáticas, metodologias e para a identificação destes ativistas, o projeto tem contado com o generoso apoio de um conselho consultivo em que estão representadas várias instituições associativas - Artur Martins, Vice-presidente da Mesa do Congresso e antigo presidente da CPCCRD; Deolinda Machado, dirigente da Liga Operária Católica - Movimento dos Trabalhadores Cristãos; Carlos Carvalho, dirigente da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, Eugénio da Fonseca, presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado; Regina Marques, dirigente do Movimento Democrático de Mulheres, José Alberto Pitacas, membro do Conselho de Administração do CIRIEC Internacional. O projeto tem também o acompanhamento cientifico e interdisciplinar da Rita Cachado (antropóloga), da Alice Samara (historiadora), do Daniel Melo (historiador), do Nuno Nunes (sociólogo), do Sérgio Pratas (sociólogo), da Jéssica Pereira (socióloga), da Joana Lages (arquiteta) e da Marta Matos (psicóloga).
À escala local contou ainda com o apoio incondicional de Luís Garra, antigo presidente da União dos Sindicatos da Covilhã e do Sindicato Têxtil da Beira Baixa; Carlos Franco, presidente da direção da Associação Recreativa e Cultural da Comeira; Raquel Gallego, membro do Movimento Democrático de Mulheres de Braga; Lurdes Ribeiro, antiga dirigente sindical de Guimarães; Jaime Marques, dirigente associativo em Guimarães; e Artur Sá da Costa, investigador e ativista de Vila Nova de Famalicão. Resta ainda agradecer aos dirigentes da CPCCRD que apoiaram significativamente esta pesquisa, o Augusto Flor, o Artur Martins, entre outros, e também as funcionárias da instituição, nomeadamente a Elvira Magusto, a Helena Galhoz, a Ana Lúcia Ferreira e a Rute Silva.
Este projeto pretende integrar um movimento social e científico que encontra as suas raízes na conceção de investigação participante desenvolvida desde a década de 1960 no Sul Global. Na obra de ativistas-cientistas como Paulo Freire ou Orlando Fals Borda, os agentes sociais emancipam-se desde logo do lugar de objetos de análise para se assumirem como co-produtores de um novo conhecimento intercultural e emancipador. Aspira concorrer para um persistente esforço comum de tradução, debate e difusão de distintos saberes entre investigadores e ativistas que protagonizam distintos repertórios de ação coletiva. Este esforço tem como objetivo principal a co-construção de uma agenda de investigação comprometida e emancipatória e a co-produção de conhecimentos e saberes verdadeiramente úteis às instituições e movimentos sociais .