Notícias das eleições
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De cravo ao peito, Portugal levantou-se cedo para votar serenamente
Em Queluz, por volta das 11 horas, já a maior parte das pessoas haviam votado. O mesmo não se verificava na Amadora, zona densamente habitada. Enormes aglomerações se registavam junto das escolas primárias e do liceu, ainda depois do meio-dia. Gente de todas aas idades aguardava serenamente, a sua vez, sob sol intenso. Uma senhora idosa era ajudada por um militar na sua deslocação. Outra, todavia, sentiu-se mal disposta e foi prontamente assistida. E o aparecimento, pela mão do pai, de um pequenito de 17 meses, com a sua fardita de aspirante, provocou viva curiosidade popular. O Nuno - assim se chamava - posou para os fotógrafos e viu-se rodeado de muitas provas de ternura. A passagem de um mutilado da guerra, em carro de rodas e com o filho ao colo, fez, por outro lado, evocar o grande drama africano. Era a esposa que empurrava o carro e a verdade é que, numa exteriorização de respeito, ninguém dirigiu perguntas a esse inferiorizado físico - que também ia cumprir o seu dever de cidadão, num acto de superioridade moral. -
Eleições: uma nova etapa do caminho da Democracia. Comunicado da Comissão Nacional de Eleições
"As eleições para uma Assembleia Constituinte, que terão lugar no próximo dia 25 de Abril representam, por parte do MFA, a efectiva realização de um compromisso assumido perante o Povo e integram-se no processo de democratização da vida política dos Portugueses. Estas eleições terão que corresponder a exigências revolucionárias e ao objectivo de institucionalizar uma nova legalidade." -
En la jornada electoral del dia 25. Lisboa: Los partidos Socialista y Socialdemocrata obtuvieron el mayor numero de votos
!Por de pronto, pueden utilizarse, como digo, dos canales Interpretativos de muy diferente intención para los resultados electoreles de ayer. Primera interpretación: ayer ganó la izquierda marxista (es decir el Partido Comunista, el Socialista —que se declara marxista de vez en cuando—, el Frente Socialista Popular, el Movimiento Democrático Portugués y demás grupúsculos). Segunda Interpretación: ayer triunfé la moderaclón, ya que entre socialistas y sooleldemócretas consiguieron más del 64 por ciento de los votos. Ambas hipótésis pueden deferderse con seriedad y hastacon pasión. Ambas abren perspectivas futuras muy diversas y antagónicas." -
Les epreuves de la liberte
"C'est donc en déposant un bulletin de vote dans une urne que les Portugais célébreront le ipremier anniversaire de leur libération, de cette prodigieuse journée du 25 avril de J'an dernier, ou des militaires décidêrent de libérer à la fois les peuples asservis par le plus ancien empire colonial du monde et le peuple portugais lui-même." -
Linha de orientação do MDM no momento político actual
"Estamos em plena actividade eleitoral. As eleições são, no momento actual, a grande tarefa que se coloca ao povo e às mulheres portuguesas. As eleições integram-se na luta em torno dos interesses das mulheres, da nossa luta em defesa da democracia. Com efeito, as eleições constituem parte integrante da luta pela emancipação do povo português, da luta pela emancipação da Mulher, pois são um elo da cadeia para o desenvolvimento do processo democrático. Votar significa integrar-se na vida de um país livre e democrático. Trata-se de um dever superior, novo na história da sujeição das mulheres portuguesas à tirania social. Trata-se de contribuir para libertar Portugal dos seus opressores, para libertar as mulheres dos salários desiguais, do poder tentacular que absorve em seu proveito o trabalho de milhares de mulheres, insuficientemente pagas e oprimidas." -
Num país livre, eleições livres
25 de Abril foi dia de eleições. E embora esta data já tivesse muitos motivos para ficar marcada e para ser orgulhosamente lembrada na memória de todos os portugueses, não deixa de ser importante o facto de nela se terem realizado agora, um ano depois da jornada que derrubou o fascismo, as prometidas eleições livres em Portugal. -
O resultado (civil e militar) da votação em Moçambique
"Os portugueses, civis e militares que se encontram em Moçambique, exerceram aqui o seu direito de voto. Os civis não tiveram por onde escolher pois só se candidatou o PS. Dai, talvez, não ter ido muito além de 50 % o número de votantes. Contudo há também que ter em conta que muitos dos que se inscreveram já não estão a viver em Moçambique. O número de votos nulos (dos quais 841 foram entregues em branco) pode significar que, se por um lado muitos não concordariam com o PS, por outro revela falta de conhecimento, já que muitos e bastantes foram anulados por estar assinados ou com dizeres de apoios ao PS. Os números foram os seguintes: Eleitores inscritos - 17 739; votantes - 6080; votantes pelo PS - 2496; votos nulos - 3504. Os militares votaram consoante os distritos da sua naturalidade e os resultados foram semelhantes aos verificados em Portugal, com nítida vantagem para o PS. Eis os números finais: PS - 1028; PPD - 459; PCP- 33; MDP/CDE- 106; MES - 54; FSP - 51; CDS - 44; FEC-18; PPM - 15; UFE e UDP - 13; LCI - 4; PUP - 4; FEC -1; nulos - 149." -
Os Socialistas venceram as eleições
"Entre os 12 partidos que se apresentaram ao eleitorado foi o Partido Socialista o que mais votos obteve. Parabéns. Aos outros, que também obtiveram a sua quota parte, também parabéns. Oxalá que tudo seja para bem do povo e que a liberdade não seja uma palavra vã, o mal interpretada, mas que o povo seja verdadeiramente livre, com aquela liberdade que vai só até onde chega a liberdade dos outros, pois quando queremos só para nós a liberdade, isso já não o é, mas sim simplesmente uma tirania. Que a paz, a concórdia, a amizade e o bem-estar reine entre todos os filhos desta terra que, mais uma vez, deu ao mundo uma grande lição de civismo, na calma, na ordem e na dignidade com que o povo mostrou a sua vontade através do voto. E que Deus dê sempre aos nossos governantes a disposição necessária, para que nos governem na ordem, na paz e na concórdia entre todos." -
Perspectiva para a Constituinte e independência dos deputados
"De acordo com a legislação em vigor, a Assembleia Nacional Constituinte deverá ser convocada para reunir pela primeira vez, no decurso da próxima semana. A reunião, que se seguirá ao apuramento dos resultados definitivos, a publicar no «Diário do Governo" deverá ter como objectivo a verificação dos poderes dos deputados eleitos. Depois dessa reunião, a Assembleia suspenderá, provavelmente, os seus trabalhos, só devendo entrar em funcionamento regular perto do fim do mês. Entretanto, uma das primeiras questões que se vai colocar aos Constituintes é a da eleição da Mesa da Assembleia. Até ao momento o único nome aventado, e em certos círculos socialistas, é o do prof. Miller Guerra para Presidente da Assembleia Constituinte. Outra questão prévia é a da elaboração do regimento que presidirá às actividades parlamentares, elaboração essa que compete à própria Assembleia." -
Portugal foi às urnas
"Portugal foi às urnas. Fisicamente em liberdade. Os portugueses votaram como quiseram, facto que não acontecia à meio século. Facto que talvez nunca tenha acontecido." -
Portugueses vão às urnas em ambiente de expectativa
"Todos os órgãos de informação nacionais e cerca de um milhar de representantes estrangeiras estão a mobilizar os seus meios para informar do decorrer do processo eleitoral que assinala hoje o acto político mais importante na vida portuguesa dos últimos cinquenta anos. Mais de seis milhões de eleitores estão recenseados para ir às urnas, para cumprir o dever cívico de eleger uma assembleia constituinte, que sairá dos 2400 candidatos propostos pelos 12 partidos políticos que concorrem."