População da Cidade de Lisboa segundo Instrução e Sexo, Censo Extraordinário da População das Cidades de Lisboa e Porto
Item
Título do recurso
População da Cidade de Lisboa segundo Instrução e Sexo, Censo Extraordinário da População das Cidades de Lisboa e Porto
Data
1927
Local
Lisboa
Editora
Imprensa Nacional de Lisboa
Páginas
Sem página
Descrição
O gráfico que hoje publicamos em "Imagens e Discursos" consta d'O Censo Extraordinário da População das Cidades de Lisboa e Porto, publicado em 1927. O gráfico tenta sintetizar uma correlação entre género e grau de instrução. Na memória descritiva assinada por Vitorino Mendes Godinho, pai de Vitorino Magalhães Godinho, o Diretor interpreta os números, esclarecendo sobre a desproporção relativa aos níveis de alfabetização verificados na cidade: “É certo que boa parte dos analfabetos das duas capitais é constituída pelos indivíduos que das províncias a elas afluem, para desempenharem serviços domésticos, exercerem a sua profissão de operários ou outros mesteres para os quais não é exigida instrução literária alguma(…)”
A associação entre a população genericamente analfabeta e as trabalhadoras domésticas é explícita, mas ganha ainda mais relevo na informação gráfica, de poderosa amplitude interpretativa. No topo superior, o dos alfabetizados, a mulher aparece num plano secundário, mas acompanhando o ato da leitura do marido. Percebemos, pelos números, que o desnível de instrução entre os detentores de maior status não é despiciendo, mas pouco assimétrico. Na imagem de cima, o estilo usado pela mulher evidencia que a belle époque também passou por Portugal, quer através do uso do corte à bob (um estilo de penteado famoso na época), quer pelo uso do vestido de cintura descaída, um must dos anos 20. Na imagem de baixo, as figuras de proporção mais pequena aparecem individualizadas. Porém, não é difícil adivinhar a representação de uma “criada de servir” enquanto emblema do analfabetismo feminino. O cabelo está apanhado em coque, o uso do avental é explícito, e os sapatos são rasos, ao contrário dos da “patroa”. É, portanto, também a luta – ou assimetria – de classes que aqui se encontram bem representados, e a figura masculina é igualmente caricaturada à imagem e semelhança de um moço de recados ou ardina, ambas profissões socialmente pouco valorizadas.
A associação entre a população genericamente analfabeta e as trabalhadoras domésticas é explícita, mas ganha ainda mais relevo na informação gráfica, de poderosa amplitude interpretativa. No topo superior, o dos alfabetizados, a mulher aparece num plano secundário, mas acompanhando o ato da leitura do marido. Percebemos, pelos números, que o desnível de instrução entre os detentores de maior status não é despiciendo, mas pouco assimétrico. Na imagem de cima, o estilo usado pela mulher evidencia que a belle époque também passou por Portugal, quer através do uso do corte à bob (um estilo de penteado famoso na época), quer pelo uso do vestido de cintura descaída, um must dos anos 20. Na imagem de baixo, as figuras de proporção mais pequena aparecem individualizadas. Porém, não é difícil adivinhar a representação de uma “criada de servir” enquanto emblema do analfabetismo feminino. O cabelo está apanhado em coque, o uso do avental é explícito, e os sapatos são rasos, ao contrário dos da “patroa”. É, portanto, também a luta – ou assimetria – de classes que aqui se encontram bem representados, e a figura masculina é igualmente caricaturada à imagem e semelhança de um moço de recados ou ardina, ambas profissões socialmente pouco valorizadas.