De cravo ao peito, Portugal levantou-se cedo para votar serenamente
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Título da notícia
De cravo ao peito, Portugal levantou-se cedo para votar serenamente
Título do jornal
O Século
Data
27 de abril de 1975
Descrição
Em Queluz, por volta das 11 horas, já a maior parte das pessoas haviam votado. O mesmo não se verificava na Amadora, zona densamente habitada. Enormes aglomerações se registavam junto das escolas primárias e do liceu, ainda depois do meio-dia. Gente de todas aas idades aguardava serenamente, a sua vez, sob sol intenso. Uma senhora idosa era ajudada por um militar na sua deslocação. Outra, todavia, sentiu-se mal disposta e foi prontamente assistida. E o aparecimento, pela mão do pai, de um pequenito de 17 meses, com a sua fardita de aspirante, provocou viva curiosidade popular. O Nuno - assim se chamava - posou para os fotógrafos e viu-se rodeado de muitas provas de ternura.
A passagem de um mutilado da guerra, em carro de rodas e com o filho ao colo, fez, por outro lado, evocar o grande drama africano. Era a esposa que empurrava o carro e a verdade é que, numa exteriorização de respeito, ninguém dirigiu perguntas a esse inferiorizado físico - que também ia cumprir o seu dever de cidadão, num acto de superioridade moral.
A passagem de um mutilado da guerra, em carro de rodas e com o filho ao colo, fez, por outro lado, evocar o grande drama africano. Era a esposa que empurrava o carro e a verdade é que, numa exteriorização de respeito, ninguém dirigiu perguntas a esse inferiorizado físico - que também ia cumprir o seu dever de cidadão, num acto de superioridade moral.
URL
Biblioteca Nacional de Portugal: Microfilmes