9. A Ulmeiro no olhar de leitores e fazedores
Com este itinerário duradoiro e interventivo, feito de audácia, inovação e diversidade, a Ulmeiro deixou necessariamente uma marca no imaginário cultural e vivencial de muitos. Retêm-se aqui alguns exemplos mais sugestivos: uma evocação artística do editor-livreiro por Hugo Beja, uma evocação literária do mesmo por António Lobo Antunes e testemunhos de leitores e frequentadores da livraria que deixaram registo nos seus blogues (Francisco Seixas da Costa, Jorge Leandro Rosa e Manuel da Mata) ou em textos inéditos agora revelados (casos de António Ferra). Em todos estes depoimentos é possível constatar o reconhecimento da importância da Ulmeiro (e/ou de José Antunes Ribeiro) enquanto criador de obras relevantes e/ou enquanto orientador de leituras. Neste último caso, bem patente nos textos dos escritores António Lobo Antunes e António Ferra, valoriza-se a função de aconselhamento especializado, só ao alcance de certos livreiros, mais qualificados, experientes e/ou ligados a espaços com um acervo e uma lógica de pró-bibliodiversidade.
O percurso de cada profissional do livro é também um percurso feito de inspirações, partilhas, confissões, gostos pessoais e irritações. É por isso adequado recuperar citações do editor José Ribeiro: uma, atestando a sua teimosia editorial, mesmo face à polícia política (como relata em entrevista a Alexandra Carvalho); outra, a singularidade do ofício de livreiro (por António Alçada Baptista, fundador da livraria-editora Moraes e seu amigo); e, por fim, excerto dum poema seu carregado de actualidade e que renova a opção programática antibelicista. Em paralelo, destacam-se textos de balanço da missão editorial e livreiro.
Ao cair do pano, imagens que reenviam para dois registos audiovisuais: uma entrevista à RTP de 1999, com o par livreiro mais duradouro da Ulmeiro, e um novel documentário sobre a memória da Ulmeiro, por António Castela e Andreia Friaças. Nos dois momentos, o olhar viajou sempre entre o passado e o presente.
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